Inicialmente chamado de Hotel Central, durante os anos de
1909, mudou-se em 1920 para a atual instalação no quadrilátero do largo da
Igreja São Frei Pero Gonçalves, no Varadouro.
Construção de ordem do então hoteleiro Henrique Siqueira,
comumente conhecido por Seu Marinheiro, era o local para as reuniões de “pompa”
da alta sociedade da época, vindo a ser o palco de reuniões e encontros sociais
e de pessoas ilustres.
Com a localização privilegiada a um belíssimo pôr-do-sol
e de frente para a beleza natural do Rio Sanhauá e do porto do Capim, o Hotel
Globo por mito tempo foi um lugar muito importante na sociedade Paraibana.
Sua construção e formação
arquitetônica norteiam ao ecletismo (estilo artístico e arquitetônico que
aceita misturar numa única construção vários estilos artísticos europeus). Além
deste podemos citar a da presença da Arte Nouveau, que como o próprio nome
propõe (arte Nova).
Foi essa arte nova o estilo vigente no final do século
passado na Europa e que veio para sobrepujar/ ultrapassar o ecletismo,
valorizando a decoração interna e externa com construções e objetos com
desenhos inspirados em flores e folhas, além da então Arte Décor, demonstrando
assim os traços que retratam a ativa transferência urbana do início do século
XX em João Pessoa.
Esse estilo refinado tornou-se o espelho da própria
sociedade que desejava libertar-se dos hábitos rurais e medianeiros para
tornar-se próspera e promissora como assim se tornou e hoje se mostra sólida e
com requinte próprio, típico do povo paraibano.
As mobílias também seguiam essas tendências artísticas do
Neoclássico ao Décor, assim como a decoração do gradeado do Jardim do Hotel,
com motivos florais em ferro, como propõe o estilo.
Já o belo jardim circulado por grades em ferro no mais
legítimo estilo eclético, abraça um belo conjunto natural de plantas, como um
cenário bucólico e abrilhantado com as nuances serenas do Sanhauá ao fundo e o
por do sol digno dos deuses brindando o fim do dia.
Porém tanto glamour e imponência não foram o bastante
para que o Hotel Globo se mantivesse na ativa. Após a transferência do porto do
Varadouro para Cabedelo em meados de 1935 e da Construção do Paraíba Palace
Hotel, na atual Praça Vidal de Negreiros (Ponto de Cem Réis), o Hotel Globo
viu-se em decadência com a falta de hospedes até vir à falência total e o
fechamento de suas portas.
Logo, local viveu seus anos de auge entre 1929 e 1935.
Durante as décadas de 1940 e 1950, o local serviu como ponto de encontro para
boêmios em busca de bebida e boa vida, seguindo assim lentamente para o
esquecimento e falência total.
O prédio por sua vez, após o seu
reconhecimento como um local de importância na história do desenvolvimento da
capital, está no livro do tombo do IPHAEP (Instituto do Patrimônio Artístico do
Estado da Paraíba), quando foi tombado no ano de 1978, mediante o Decreto
Estadual de N.º 8639 de 26 de Agosto de 1980.
Atualmente o prédio abriga a exposição
permanente de parte do mobiliário do Hotel, além da exposição de caráter
popular.
No primeiro
andar do prédio localiza-se atualmente o Consulado Espanhol na Paraíba.
É importante salientar que o Antigo Hotel encontra-se interditado desde Setembro de 2013, diante desmoronamento de parte do muro de arrimo e parte do terraço do local. O desmoronamento deu-se devido as fortes chuvas que atingiram a localidade no período do incidente.
Além das fortes chuvas, fatores como a sua localização ( pois se dá numa encosta) e provavelmente pela ação do tempo, erosão do terreno e a proximidade com a
linha férrea e a trepidação do espaço com a passagem do trem podem estar
afetando consideravelmente a estrutura externa - e interna - do local.
Apesar de ser um exemplar de um passado um pouco distante de nossa
realidade o Antigo Hotel Globo esconde em suas paredes e peças de seu acervo
muitas histórias engraçadas, interessante e provavelmente emocionantes que em
partes não morrem com o fim do prédio e sim ficam para a posteridade.
FOTOS: LAIS LIMA SOBREIRA ®