Situado na Praça Dom Adauto, no Centro de João Pessoa/Paraíba. O Complexo Carmelita da Paraíba só foi iniciado em 1591, compreendendo no
convento carmelita da capital e com a Igreja da Guia em Lucena, subordinada a
Ordem do Carmo.
Feitos em Pedra Calcária paraibana, atualmente apenas as duas igrejas
preservam o formato e traços da arquitetura original Barroco/Rococó (pois por motivos
estéticos vigentes no século XIX, o atual prédio da arquidiocese vê-se
transformado em um monumento clássico, perdendo a beleza e formato colonial de origem, um mal irremediável para um patrimônio
Histórico).
Na capital paraibana a Ordem Carmelita ficou responsável por fundar a
igreja de Santa Tereza da Ordem Terceira, O convento e a Igreja da Ordem
Primeira.
Sua fachada voltada ao Oeste abriga um prédio ornado em estilo Rococó. O
frontispício em pedra calcária do século XVIII. Acimado por um medalhão da
Ordem em pedra calcária, característica própria da Ordem como forma de
“demarcar território religioso.”
porta falsa em pedra |
A fachada abriga também uma janela circular com armação em forma de sol
podendo este representar o próprio Cristo como formato de luz e direção ao
mundo. O sol no que se diz a posição geográfica do templo também pode ser um
sinal cardeal. O mesmo formato de sol da janela visto do lado de fora também
pode ser visto do lado de dentro do templo.
As portas de madeira da fachada são ladeadas por duas falsa portas
esculpidas em pedra calcária e possuindo apenas fins decorativos estéticos.
nave/ arco cruzeiro/altares laterais e altar-mor ao centro |
A nave ampla e imponente abriga paredes ornadas em azulejos portugueses
que contam a história de Nossa Senhora do Carmo. Um vestíbulo coroa a entrada,
com pinturas representando a Santíssima Trindade, em tons pasteis, com
influência Rococó. A frente do altar-mor em divisão com a nave encontra-se o
Brasão da Ordem terceira acima do arco-cruzeiro feito em cantaria.
altar-mor |
Os púlpitos laterais, destinado às homilias recebeu tons creme, marrom e
dourado, remontando a coloração rococó. A frente do altar-mor, quatro altares
laterais em forma de retábulos.
pintura no vestíbulo |
pia de água benta em forma de concha - típico Rococó - Pedra calcária |
altar lateral - direita |
O altar-mor é trabalhado com traços Rococó com um conjunto de seis
degraus e mais já no altar, há um conjunto de 6 degraus,sendo o mesmo altar
ladeado por 18 bancos de madeira para o uso eclesiástico. Curiosamente, acima dois dos quatros altares laterais na nave, pode-se perceber alguns símbolos que se passaram desapercebidos durante os séculos. Na verdade a imagem sutil está representada por um triangulo invertido onde ao centro é possível perceber o relevo que forma a imagem de um olho, semelhante ao símbolo maçônico. Porém, nada de estranhezas, sendo algo possível sim, visto que a fraternidade esteve (e está) por séculos inserida nas construções arquitetônicas mais imponentes ao longo dos anos ao redor do mundo, tais como os "compagnonnage" - companheiros, hábeis construtores.
O triângulo invertido remete-se ao feminino, à mulher, ou no caso do templo, a Virgem Maria, figura feminina máxima de veneração. Acima de um dos altares laterais, uma espécie de afresco faz alusão ao Êxtase de Santa Tereza de Bernini. Uma pintura curiosamente parecida com as formas representadas na escultura do Italiano.
O altar é ladeado pelas imagens de Santo Elias e Santo Eliseu estando ao
centro à imagem de Nossa Senhora do Carmo.
É interessante ressaltar que este templo recebeu também visitas ilustres
como a de D. Pedro II e sua comitiva Real em passagem pela Capitania da
Paraíba.
IGREJA DE SANTA
TERESA - IGREJA ANEXA AO TEMPLO DO CARMO
Altar-mor - detalhes |
detalhe da cúpula do altar-mor |
púlpito |
altar lateral - retábulo |
Com a planta recuada em relação ao templo principal é feito em pedra
calcária assim como o templo principal. Este templo, porém não este ligado às
paredes do templo ad ordem terceira, estando este ligado apena por um “beco”
onde se podem encontrar jazigos perpétuos em sua extensão, além de objetos
diversos, quase como uma dispensa.
coro / óculo e parte da pintura do forro |
O recuo da planta em relação ao templo da ordem primeira de forma
proposital deixa a subentender que diante da hierarquia vigente a Ordem
Primeira possuía mais prestígio e vez mediante a Ordem dos leigos. O templo
servia como casa de orações dos irmãos leigos.
O púlpito em
suave decoração é formado por um caixote com talha, não muito alto.
Construído com a presença de talhas em madeira policromada no altar-mor e
laterais assim como a capela-mor. O teto da nave abriga um forro pintado com a
vida religiosa de Santa Teresa D’Ávila.
nave e altar-mor ao fundo |
O CLAUSTRO DO CONVENTO
Área reservada para a ventilação e entrada de luz nos conventos, os
claustros também eram áreas de circulação, reflexão e orações. O claustro do
complexo Carmelita assemelha-se a alguns outros existentes pela região Nordeste
a exemplo de Olinda. Do claustro também observamos
a preocupação dos
carmelitas com a arquitetura do templo. Se do lado de fora ainda no frontão
podemos perceber duas portas falsas em pedra, na lateral do templo encontramos uma
arcada, composta por um série de portais em pedra calcária ao estilo simétrico
em arco-pleno que adornam o ambiente entre o templo, corredor e claustro segue
em formato de arco até o final do prédio. Mesmo com a ausência dos portais,
pois ao fim do corredor atualmente há a secretaria paroquial, as janelas bem
pequenas ficaram coroadas com mais quatro arcos plenos esculpidos na parede,
seguindo a simetria de sua ornamentação. A preocupação simétrica também pode
ser encontrada na posição das janelas acima, estando cada uma colocada na
distancia de um arco de uma para outra. Esta colocação apresenta ao olhar mais
leigo um equilíbrio e uma preocupação estética bem definida, apesar da
característica assimétrica do Barroco-Rococó ( estilos artísticos com os quais
a maior parte das edificações do período colonial na Paraíba foram erguidas).
claustro |
os belos arcos dão acesso ao claustro |
prédio da arquidiocese - Palácio do Bispo |
A imagem ao centro foi substituída por outra em barro cozido, devido o desgaste da imagem da fotografia. Foto de agosto de 2009. |
Do corredor podemos conferir uma das escadarias que davam acesso ao
púlpito com o qual se comentava a homilia na hora da missa. A escadaria do qual
era composta seguia ao mesmo material do templo, sendo de pedra calcária. No
momento da missa, abria-se a “portinhola” que a trancava e se fazia o
comentário do evangelho do dia.
Como era costume da época, muitos sepultavam seus restos mortais e até o
próprio corpo no território santo da Igreja e mosteiros como forma de
purificação da alma do defunto. Por isso não é difícil encontrar lápides das
mais simples às mais bem elaboradas, pertencentes a pessoas de influência em sua
época como políticos, Barões, Senhores de Engenhos e familiares em jazigos
perpétuos, como o caso do Senhor Duarte Gomes da Silveira e sua esposa Dona
Fulgência Tavares no Morgado do São Salvador do Mundo (de sua propriedade) na
Igreja da Misericórdia com o qual também conferiremos neste material. Nas
paredes da Igreja do Carmo não seria diferente. No caminho para o claustro
encontra-se algumas lápides curiosas a exemplo do Mausoléu do então Senhor
Silvino Elvídio Carneiro da Cunha: O Barão do Abiahy. Com as letras um tanto
apagadas, lê-se de início: “Mausoleu da
Família Abiahy onde Repouzam os Restos Mortaes do Seo Chefe Barão do Abiahy
Silivo Elvidio Carneiro da Cunha (...)”
Mausoléu do Barão do Abiahy |
Acima da referência uma escultura em forma de livro – provavelmente uma
bíblia carrega em cima a expressão latina Hodie Mihi, Cras Tibi que em grossa
tradução pode ser entendida como “hoje a mim, amanhã a ti” ou “eu sou você
amanhã”. Tal frase é comum na formação de epitáfios.
crédito de fotos: Lais Lima Sobreira
crédito de fotos: Lais Lima Sobreira